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quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Revista The Ecomonist quer dar lições a Lula

A “bíblia” do capitalismo, a revista semanal The Economist, editada em Londres desde setembro de 1843, resolveu semana passada dar orientações e prescrever uma linha política e econômica ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva. A capa da edição com data de 15 a 21 de agosto, pergunta: “De que lado está o Brasil?” e estampa uma foto de corpo inteiro de Lula – feliz da vida -- vestindo uma camisa vermelha, tentando dominar uma bola de futebol num campo verde, sob um fundo amarelo ouro.

No editorial, a revista passa a idéia de que os brasileiros e Lula em particular -- vivem um grande momento em sua história – onde o “gigante adormecido” passou a ser citado como um dos cinco ou seis países do mundo que têm protagonismo para o século XXI. Diz a Economist que nenhuma reunião de cúpula que se realize hoje no mundo poderia prescindir da presença do Brasil e de Lula. Afinal de contas, cita a revista, “Ele é o cara” já disse Barack Obama numa reunião do G-20, enquanto Fidel Castro se referiu ao presidente brasileiro como “meu irmão Lula”.

Esta situação privilegiada é debitada pela revista ao período de “estabilização” econômica colocada em prática por Lula e – pasmem – por seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Os editores esquecem que FHC deixou o país em 2002 à beira do abismo econômico. “O Brasil foi entre as dez principais economias do Planeta a última a entrar em recessão, e aparece agora como uma das primeiras a sair dela”... Afirma o editorial, para depois lembrar que foi a Goldman Sachs que caracterizou o grupo formado pelo Brasil, Rússia, Índia e China como o BRIC – que segundo eles dominarão o mundo por volta de 2050. Nesta ocasião, lembra a revista, houve quem desconfiasse que o Brasil tivesse musculatura para pertencer a tal grupo.

A coragem de Lua, segundo a Economist

Lula ao tomar posse em 2003, continua a revista inglesa, “mostrou coragem política assumindo políticas responsáveis, ignorando posições à esquerda de seu próprio partido para suspender o pagamento da dívida externa, por exemplo. Seu instinto de racionalidade econômica o teria transformado de “protecionista” em “campeão do livre-mercado”. Por outro lado a revista reconhece que sua política social foi ousada e que com isso retirou cerca de 13 milhões de pessoas da pobreza, diminuindo as desigualdades de renda. Aqui o editorial passa a atacar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, dizendo que apesar de Lula ostentar altíssimos índices de aprovação da opinião pública – não tentou mudar a Constituição da república para concorrer a um terceiro mandato.

O sucesso em casa, garante a Economist, deu oxigênio a Lula de estruturar uma ambiciosa política externa – que pretende projetar o Brasil como grande potência, liderando a América latina e se articulando com outras potências médias como a África do Sul e os BRICs, assim chamados. Neste ponto a revista tenta dar um cheque-mate nas pretensões de Lula, perguntando com quem o país quer efetivamente se aliar, afirmando que o Brasil tem posição ambígua por exemplo em sua atuação no âmbito da Organização Mundial do Comércio, quando perdeu o apoio importante da Índia na tentativa de retomar a Rodada de Doha. 

Mesmo assim, a revista acaba elogiando Lula quando propõe uma reestruturação das instituições internacionais, para que se adapte às novas condições de poder mundial. Mas em seguida critica a posição brasileira sobre direitos humanos e democracia – acusando o país de se alinhar sistematicamente com Cuba e China, países que segundo a revista se desrespeita os direitos humanos. E mais ainda, continua o ataque, lembrando que Lula foi um dos primeiros dirigentes mundiais a parabenizar o presidente do Irã, Mahamoud Ahmadinejad, pela sua vitória eleitoral.

“Contradições” de uma grande potência

Por fim, a revista londrina se mostra admirada que uma potência como o Brasil tenha renunciado à utilização de armas nucleares, apesar segundo ela de os brasileiros não terem assinado o Tratado de Não Proliferação Nuclear, impedindo que inspetores de um organismo internacional de controle visitassem as instalações onde se constrói o submarino nuclear brasileiro. A revista alerta Lula que se o país passar a compor o Conselho de Segurança da ONU rotativamente em janeiro próximo, terá que decidir entre apoiar ou condenar as pretensões nucleares do Irã.

A Economist afirma que em todos estes aspectos contraditórios existe subliminarmente um “anti-americanismo” na posição do Brasil, numa região do mundo onde os “Yanques” estão em declínio em matéria de influência política. Novamente passam a acusar Hugo Chávez de ser o mentor da instauração de uma “Nova Guerra Fria” no subcontinente, ao acusar a Colômbia de permitir a instalação de bases militares em seu território. Seria o caso de perguntar aos editores ingleses se não são exatamente os Estados Unidos -- que com a reativação da Quarta Frota, com as bases na Colômbia e com a derrubada do presidente eleito de Honduras (onde se poderiam instalar outras bases) - os maiores interessados em desestabilizar governos democráticos e populares em quantidade e qualidade como nunca se viu na história da América Latina?

domingo, 23 de agosto de 2009

Mais de 40 anos depois de My Lai…

... o ex-oficial do Exército dos Estados Unidos – tenente Willian Calley – exprimiu seu remorso por ter capitaneado o crime que ficou conhecido mundialmente como o “Massacre de My Lai”. Calley já havia sido reconhecido culpado por uma Corte marcial pelo massacre perpetrado em 1968, durante a guerra do Vietnã. "Estou profundamente desolado”, disse o soldado semana passada, “pelos vietnamitas que foram mortos, por suas famílias, pelos soldados americanos implicados no episódio e por suas famílias”.

Neste acontecimento de 16 de março de 1968, que somente foi divulgado em novembro de 1969 – e que mereceu o repúdio e a indignação do mundo inteiro – foram mortos de 374 a 504 idosos, mulheres e crianças desarmadas por um batalhão americano dirigido pelo tenente Willian Calley, após receber ordens para arrasar o vilarejo que supostamente estaria repleto de vietcongs. O balanço dos mortos no massacre, feito pelo comando do Exército dos EUA, é controverso.

Mas o tenente Calley foi julgado culpado e condenado à prisão perpétua, assim como seu comandante imediatamente superior, o capitão Ernest Medina. Calley foi anistiado e libertado três anos depois por intervenção direta do ex-presidente Richard Nixon, que por sua vez acabou renunciando à presidência dos Estados Unidos, acusado de violação da lei no caso Watergate. O comandante Medina foi solto em 1971.

De fato, cerca de três milhões e 140 mil soldados americanos serviram o Exército dos Estados Unidos no Vietnã (dos quais 7200 mulheres) durante a guerra. Oficialmente, 58 mil e 183 americanos (dos quais oito mulheres) foram mortos em ação ou estão listados como desaparecidos. Estas baixas foram o dobro dos que morreram na guerra da Coréia, quando os EUA invadiram o paralelo 38 e tentaram arrasar a Coréia do Norte.

O Pentágono calcula que durante a guerra foram perdidos 3689 aviões e 4857 helicópteros, além de terem sido utilizados 15 milhões de toneladas de munições diversas, inclusive o gás Napalm. O custo oficial da guerra foi de US$ 165 bilhões, apesar de que o custo econômico real foi pelo menos o dobro deste valor. Apenas para efeito de comparação, a guerra da Coréia custou para os EUA 18 bilhões de dólares. Hoje, a guerra do Iraque é calculada por especialistas norte-americanos respeitados como Joseph Stiglitz em mais de três trilhões de dólares.

Até o final de 1973, 223 mil e 748 soldados sul-vietnamitas haviam sido mortos em ação; as baixas do Exército do Vietnã do Norte e dos chamados vietcongs chegaram a um milhão de soldados. Aproximadamente quatro milhões de civis vietnamitas foram mortos na guerra de agressão, o que representou na época 10% da população do país, muitos deles morreram fruto dos bombardeios indiscriminados a várias cidades importantes do norte do Vietnã. Mais de dois mil e 200 norte-americanos estão nas listas de desaparecidos, assim como cerca de 300 mil vietnamitas.

É neste contexto que o sentimento de remorso do soldado Calley, e o reconhecimento dos erros cometidos pelos EUA publicado pelo ex-secretário de Estado norte-americano recentemente falecido nos EUA, Robert McNamara, devem ser encarados como ações organizadas pelo imperialismo para tentar submeter os povos e nações à sua lógica de conquista e assalto às riquezas de outros países para dar sobrevida ao capitalismo em decadência como formação social.